o desfolhar da manhã fecunda a penumbra com a claridade.
sou entrelaçado pelos primeiros laços de sol,
que se espreguiçam no ar, tocando uma nuvem recém-nascida.
sei bem que no meu olhar ainda adormece a insónia,
mas tenho que imaginar-me desprovido de meia alma.
repito-me ao som da guitarra que me falta a tua voz,
que tenho medo de a esquecer pronunciar
(de que se me entorpeça…).
tenho medo que o sonho do susto, do ir dos teus passos,
possa ser verdade num agora e espaçar para sempre o meu roçar.
tenho medo de adormecer na inocência,
de sonhar suportar a imensidão da nossa voracidade,
e acordar na exactidão do espelho.
…descobrir que eu já não sou tu,
que a realidade mudou de direcção e escondeu o rosto,
tenho medo que num qualquer reconstruir do dia
(em que as minhas pálpebras insistem em vigília)
se apague uma luz no firmamento da escuridão.
tenho medo de não sonhar a tua despedida…de me despedir dela.
tenho medo de me desabituar da tua essência.
descobrir que está tudo acabado, que o sentimento dissecou.
descobrir que tão desmesuradamente nos apetecemos
que prematuramente nos esvaziamos de nós,
algures nas nossas trocas aflitas de almas.
descobrir que a verdade mudou de direcção e escondeu o rosto.
Ruy de Nilo
10/08/2006
07h22m (Casa)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. Psiu
. Por amor
. Ausência
. O Rosto da Chuva já tem l...