e ainda era eu
o verbo, a palavra, a frase alfabeta, a eucaristia do alfabeto com o pensamento
e ainda era eu na repetição do gesto, no raspar da unha na pele do sono (vícios de criança)
e ainda era nos aglomerados de eu(s) sem tu, redescoberta de um mim quando havia a ânsia de um tu
e ainda era eu hoje, no sexo fugaz em vão da escada - simples tentação do risco para lá do racional
e ainda era eu na inocência da ignorância de toda uma dor que o mundo me reserva. fictício acoitar.
e ainda era eu no branco da folha em que rasurei, reescrevi, rasurei-me e reescrevi-te
e ainda era eu quando já não me suportei e transbordei-me. implodi.
e ainda era eu, eternamente com rascunhos de reticências insusceptíveis de me revelarem
e ainda era eu quando abdiquei-me para me ser-te. que falta me faz um eu se ainda fosse eu.
que breve mania
essa eterna mania de achar que é breve essa mania de escrever.
Como tudo na vida de um qualquer tempo, também há um tempo do tempo.
A melhor forma de levar a saudade sem a matar
é levá-la aos poucos, saboreá-la em pedaços-chocolate,
evitar deixar um até sempre e ausentarmo-nos sem aceno.
A melhor forma de dizer adeus é sem adeus.
Mas quem sabe não seja essa eterna mania de achar que é breve essa mania de escrever.
Fica um ... de gratidão à todos que foram força de impusão das minhas palavras, críticos edificadores da minha aprendizagem, fermento da minha maturidade.
As palavras são virtuais, a ausência é virtual, o nada é virtual, o sempre é virtual...mas então porque carga d'água levo saudade de gente virtual? Será porque me revejo no hábito de calar a voz até a exaustão da escrita?