Quarta-feira, 30 de Agosto de 2006

O Rosto da Chuva já tem livro - Contos

Photo: Ruy de Carvalho Simões

 

Trata-se de um livro de contos sobre Angola, retratando uma realidade que eu próprio vivi, outras ouvidas, acrescentando-lhes, é certo, um inevitável tracejar de ficção e misticismo - até porque talvez não pudesse, não devesse e não quisesse fugir deste tentáculo intrínseco, em particular à cultura angolana, e em geral à cultura Bantu - , procurando retratar Etnias, zonas tribalizadas, subculturas, línguas que nos identificam como povo, níveis vários da língua portuguesa e civilizações tradicionais.

Um universo semântico cheio de tentações (e de riscos, é verdade), no intuito último de, simbólicamente, reunir essa diversidade nas mesmas fronteiras, fortificando a noção de que somos unos e indivisíveis.

De outro modo, o povo angolano, ao longo da sua curta e conturbada história, já deu provas de saber esquecer. Todavia, tal não significa ignorar. Essas histórias, agora compiladas em livro, pretendem consciencializar, recordando-nos "o quanto nos doeu o parto da paz".

Pretendi, no âmbito de uma prosa substantiva, de conotação aberta, enriquecida pela incorporação de novas palavras, estruturar uma linguagem transgressiva, ousando reinventar a língua portuguesa.

Como disse Manuel Ferreira, "esta vem sendo e continuará a ser a estrada maior dos prosadores angolanos: a criação de uma linguagem angolanizada".

 

Lançamento e apresentação: ... 23 de Setembro de 2006

Local: .............................................Feira do Livro da Amadora

Hora: ..............................................................................15H00m

 

Para adquirir o livro:

- Fnac do C. Comercial Colombo: € 14.00;

- Pelo Blog: € 11.50 + portes de envio (e-mail rfcsimoes@.hotmail.com)

 

Ruy de Nilo

 

 

sinto-me:

publicado por Lancelote às 18:40
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Sexta-feira, 11 de Agosto de 2006

O Rosto da Chuva

 

É sempre numa terra. E sempre distante da minha realidade.

Apenas está apegada ao meu imaginário por histórias com velhice e sem tempo;

com muitos contos do conto das gentes…uma terra já com história adulta.

Nessa terra cacimbada, ainda tem cheiro dos meus passos, da minha pele.

Sempre a tenho a diambular-me no pensamento.

 

Tem a minha vida sentida com o peito. Tem-me descalço.

Tem a última radiografia do meu esvoaçar no ar

 já calçado com os sonhos de dormir.

Tem o chuviscar infinito tracejado de feridas. Essa terra desconheceu a minha curvatura, mas espera por mim na gávea da espuma,

que se desembrulha no eterno abraço do mar com o meu chão.

 

Essa terra que me cabe no coração…à ela tenho uma ligação de filho.

Se ela sofre, eu sofro no calado do seu sofrimento. Ela escorre-me no respirar.

- Chegamos! Vês esta terra até ao infinito? È desta terra que vos falo.

Esta terra com casinhas vermelhas e pretas…aqui...do lado direito do mapa.

Esta é a minha terra . O que achas?...Dei-lhe o nome de "rosto da chuva".

 

 

Ruy de Nilo

11/08/2006

23h31m

(Casa)

sinto-me: Com a alma dorida! Desalmada.
música: Pixis - Whwere is my mind

publicado por Lancelote às 23:59
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Quinta-feira, 10 de Agosto de 2006

Espíritos do sonho

 

o desfolhar da manhã fecunda a penumbra com a claridade.

sou entrelaçado pelos primeiros laços de sol,

que se espreguiçam no ar, tocando uma nuvem recém-nascida.

sei bem que no meu olhar ainda adormece a insónia,

mas tenho que imaginar-me desprovido de meia alma.

 

repito-me ao som da guitarra que me falta a tua voz,

que tenho medo de a esquecer pronunciar

(de que se me entorpeça…).

tenho medo que o sonho do susto, do ir dos teus passos,

possa ser verdade num agora e espaçar para sempre o meu roçar.

 

tenho medo de adormecer na inocência,

de sonhar suportar a imensidão da nossa voracidade,

e acordar na exactidão do espelho.

…descobrir que eu já não sou tu,

que a realidade mudou de direcção e escondeu o rosto,

 

tenho medo que num qualquer reconstruir do dia

(em que as minhas pálpebras insistem em vigília)

se apague uma luz no firmamento da escuridão.

tenho medo de não sonhar a tua despedida…de me despedir dela.

tenho medo de me desabituar da tua essência.

 

descobrir que está tudo acabado, que o sentimento dissecou.

descobrir que tão desmesuradamente nos apetecemos

que prematuramente nos esvaziamos de nós,

algures nas nossas trocas aflitas de almas.

descobrir que a verdade mudou de direcção e escondeu o rosto.

 

 

Ruy de Nilo

 

10/08/2006

 

07h22m (Casa)

sinto-me:
música: Evanescence - Everybody's fool

publicado por Lancelote às 07:47
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