Maria Eugénia Pontes
há poemas que me amanhecem
encostados à um balcão no fio do luar.
há poemas que me adormecem sonhando o equilíbrio das insónias,
coçadas de velhas de tanto amadurecerem à cabeceira dos teus olhos.
há traços aflitos no costume das ondas,
saliências no brusco dos passos.
há pedras no fundo que medem um palmo de riso,
remando a saudade na quietude do gesto.
há ventos com tranças que trespassam como lanças;
persistências remendadas na rebentação
deste mar a brincar de agrilhoar as estrelas.
há gritos que suportam silêncios velhos como assobios;
soletram a vastidão da intermitência de um arco-íris
que se escoa pelo ralo de um dedo.
há gritos sem equilíbrio; há ventos sem tranças;
há poemas que soletram a persistência;
há pedras desarrumadas, ladrilhadas em tanta berma.
amanhã, enquanto há, há-de haver um tinteiro que se escoará dos meus olhos.
Ruy de Nilo
21h11m
16/08/2007
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