no meu percurso, por vezes, encontro travessões.
autênticos pecadilhos que me fazem mais alma
infindáveis horas que se atropelam no teu olhar indiferente.
mas tu esqueces-te que todo mundo sabe…
grita que somos perpétuas constelações da mesma galáxia nua.
chocalho os passos trémulos (simples transeuntes).
agora acredito... estou ausente do teu pensamento.
mesmo que a cidade ao redor se inundasse com o meu nome,
para ti, eu sempre nasci com a alma partida
por vezes sinto-me impotente de me trocar de pele
para ser o teu meu.
intransigentemente teu, quase sempre nunca eu!
Outras, paras-me o tempo e assobias-me um vento,
soprando-me para a imensidão desse mundo ausente de ti.
por favor, ao menos devolve-me uma asa
e assopra-me para a distância.
sinto-me só. tudo parece imenso… faltas-me.
faltas-me… no abraço faltas-me.
sinto esvair-me, diluir-me incrustado à arestas.
desgastar-me de tanto usar-me para ser teu.
falta-me o teu toque, o teu gesto
contornas-me o arrepio na espinha,
mas o certo é que sempre confundo.
já não sei se fui eu que me perdi ou fui eu que te encontrei.
mesmo assim, eu sei que ainda andas por aí.
descalça soletrando cada mosaico da sala,
distraída acariciando pedaços das paredes da casa,
perpétua inundando o quarto com o teu perfume,
só não sei onde me escondes… apenas vivo de sinais teus.
sou teu, mais do que a pertença de qualquer corpo à alma,
mais do que a pertença das palavras à folha,
mais do que aquela madrugada em que dançamos à chuva,
mais do que no crepúsculo em que te disse… amo-te!
Mais… muito mais.
muito mais do que à cada gesto em que um novo gesto se abre,
faltas-me.