By Bruno Espadana
uma chama acesa dilacerando um mingado cigarro.
enegreço egocentricamente no afogo do beijo,
sabor cristalino de cravos encravados no peito do cano da espingarda.
cheguei à casa da manhã,
reflectido no espelho da ressaca de ontem com bebedeira de hoje.
estou coberto de musgo de todo o sabor acre do mundo.
sou couraçado de marca alucinação de me ser sofrido,
protuberância com uma saliência de sonho,
aresta do medo afiada na ponta do canto da mente
e eu que também vivi de tudo no encanto sôfrego, irrespirável,
poluente do pensamento da tentação,
gasto e usado até ao limite do meu suspiro.
risquei tudo e reescrevi o pranto na folha do poema.
arrasto de perna na margem da página
essa página de vírgula amargurada e ponto final pintalgado de nada.